sexta-feira, 26 de junho de 2015

Vai comprar ossos de couro para seu dog? Antes leia essa matéria!!!

 

O alerta de uma postagem feita há alguns dias no facebook com a denúncia da dona de uma cadela nos motivou a pesquisar sobre o produto. Esperamos que possa ser útil e evitar que mais animais venham a sofrer com algo semelhante.

Obs: ao fecharmos essa matéria e consultarmos a dona da Cacau soubemos que ela está sem comer nada sólido desde o dia da cirurgia porque teve um estreitamento do esôfago (estenose) e não está reagindo nada bem. #precesparaCacau

Quando alguém compra um daqueles ossinhos de couro para seu animal de estimação não imagina jamais que poderá estar dando a ele algo nocivo ou que poderá lhe ocasionar sofrimento ou até mesmo a morte, porém é isso o que tem sido visto agora que as mídias sociais nos possibilitam saber destas histórias que envolvem relatos pavorosos.
A princípio estes ossos foram desenvolvidos com o intuito de diminuir o tártaro e distrair os cães entediados. Porém quando se tornam um chiclete gelatinoso já perderam totalmente o objetivo inicial para higienização dos dentes.
E desta forma acabam sendo mastigados por horas e viram uma gelatina que ao ser engolida pode colar em algum órgão interno do animal, como esôfago, estomago ou intestino, e que precisará de intervenção cirurgica para a sua retirada quando o houver tempo necessário para isso e os donos puderem perceber qual o problema está afetando seu animal.

Já vimos outras postagens denunciando o perigo destes ossos de couro porém nenhuma que relatasse como são feitos para ser comercializados.

Encontramos um material em inglês e vamos traduzir pelo menos o básico para que os amigos do blog possam entender um pouco mais sobre este produto e evitar dessa forma que seus amados dogs possam ter algum tipo de problema que os faça adoecer ou até mesmo vir a óbito.


O produto é elaborado geralmente a partir de couro bovino e para se tornar menos “feio” passará por processos de clareamento, embelezamento e será enrolado na forma de ossinho para poder se tornar atrativo aos compradores. Trata se então de um subproduto de couro e então seu animal estará mastigando um pedaço de couro isso é importante de se entender.
Resumindo são retalhos de couro que após o abate do boi será enviado para algum curtume para disfarçar sua origem, afinal ninguém compraria um pedaço de couro preto ou com pelos.

Passo 1 - Uma vez no curtume os couros serão embebidos e tratados com uma solução de soda cáustica ou de cinzas e também uma receita altamente tóxica do sulfureto de sódio.
É desta forma que será retirado o pelo e a gordura existente no couro original do boi.

Passo 2 - Agora que temos a camada interna da pele, é hora de ir para a fase pós curtume.
Os couros são lavados e branqueados usando uma solução de peróxido e / ou de branqueamento de hidrogênio.
Isso também irá ajudar a remover o cheiro do couro podre ou pútrido.
Um bônus gente!!!

Obs:
Segundo uma pesquisa realizada por uma Ong internacional podem ser utilizados outros produtos químicos além destes aí se caso o branqueamento não ocorrer apenas com este processo citado acima. Esta Ong também conseguiu rastrear a origem de alguns couros usados para confecção dos tais ossos e chegou a conclusão que viriam do abate de animais da Tailândia que são mortos de forma cruel e muitas vezes com doenças.

Passo 3 – Depois vem a etapa de transformar as folhas esbranquiçadas do subproduto do couro
em algo que possa despertar o paladar de um cachorro e que influencie o dono levando a acreditar que está comprando um osso para seu animal para ele ficar feliz!!!
Alguns produtos são pintados para ficar mais atraentes então. Mas com que tinta? Alguns podem ser pintados com uma camada de óxido de titânio para ficar mais branquinho e fofo!!!

Trecho da matéria do link onde foi citada a pesquisa feita pela Ong internacional:
"... A Ficha de Segurança revela uma confecção tóxica contendo a substância cancerígena FD & amp; C Red 40, juntamente com conservantes como o benzoato de sódio. Mas rastrear os efeitos da exposição a substâncias químicas é quase impossível quando é uma questão de envenenamento lento, de baixa dose. "
- Thebark.com

Após a pintura do couro é chegado o processo final.

Passo 4 – Para que adquiram o formato de osso torcido qualquer tipo de cola pode ser usado. Nos EUA como não são considerados alimento não existe uma regulamentação evitando o uso de produtos que possam fazer mal a um animal.
Se lá é assim imaginem nos países onde mal se fiscaliza o que os humanos ingerem!!!

Quando testados: chumbo, arsênico, mercúrio, sais de cromo, formaldeído e outros produtos químicos tóxicos têm sido detectados nas peles.

Finalmente, é hora de empacotar e anexar todos os rótulos de marketing para comercializar o produto.


Este material foi baseado em uma postagem do facebook onde foi publicado este banner abaixo que explica didáticamente como é a produção dos ossinhos de couro:
https://goo.gl/CJHcqg

E para não restar dúvidas sobre o tratamento dispensado ao couro um outro material que discorre sobre cortume e produtos utilizados.
http://www.crq4.org.br/couros_e_peles


segunda-feira, 22 de junho de 2015

Atuação de médicos veterinários foi decisiva no caso Dalva, a serial killer de animais de SP.

Na nossa postagem anterior onde relatamos a história completa da investigação que levou a condenação Dalva Lina da Silva já havíamos nos referido a atuação dos médicos veterinários no caso Dalva. O texto abaixo divulgado pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária reconhece a importância deste excelente trabalho que foi decisivo na condenação da criminosa e que merece cada vez mais destaque na área da medicina veterinária. 

EsquadrãoPet

 

Médicos Veterinários ajudam Justiça Brasileira em condenação inédita por crime contra animais

19 de junho de 2015

O trabalho de uma equipe de médicos veterinários foi essencial para a decisão inédita da Justiça Brasileira de condenar uma pessoa à prisão por maus-tratos e morte de animais.
O caso teve início em 2012, quando 37 cachorros e gatos foram encontrados mortos em sacos de lixo, na capital paulista. As provas deram início ao processo que resultou na condenação, no dia 18 de junho,  de Dalva Lina da Silva, pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, a mais de 12 anos de prisão, além do pagamento de multa.
Em casos anteriores, semelhantes a esse, as penas aplicadas foram mais leves, como prestação de serviços comunitários e multas.
O médico veterinário Paulo César Maiorka, integrante da Comissão de Especialidades Emergentes (CNEE) do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) coordenou o trabalho de perícia no caso. A pedido da Polícia Militar, a equipe recebeu os cadáveres dos animais e  realizou os exames de necropsia, além de colher o material para exame toxicológico.
“A Polícia Militar de São Paulo nos pediu urgência na emissão dos laudos porque era um crime de morte em massa. Os exames realizados serviram para constatar que houve mesmo maus-tratos e crime, os animais eram saudáveis”, afirma Maiorka.
A Medicina Veterinária Legal é um ramo da profissão que faz a ligação e aplicação dos conhecimentos técnicos às questões judiciais e aos aspectos legais do exercício profissional. Os laudos periciais feitos pelos médicos veterinários são essenciais para que o Ministério Público, Polícia Civil ou Polícia Federal, por exemplo, obtenham provas para processos de crimes contra a fauna ou animais domésticos, por exemplo.
O presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária, Benedito Fortes de Arruda, destaca que a Medicina Veterinária Forense é um apoio científico para desvendar crimes, maus-tratos e fraudes.
“Graças a verdadeiros estudiosos esta área do conhecimento tem mostrado um crescimento fantástico. Exige-se para seu desempenho, conhecimentos de balística, direito penal e civil, processual, patologia forense, laboratório, ética, entre outros. O CFMV está atento a essa área, cuja expansão de atividade é presente em todos os continentes. Queremos que mais médicos veterinários venham participar da Medicina Veterinária Forense e planejamos, para breve, cursos de capacitação de profissionais”, afirma Arruda.
Os exames mostraram que Dalva Lina da Silva, que não era médica veterinária, usou injeção de cetamina, uma substância anestésica de uso restrito. Os animais foram encontrados com várias perfurações e morreram de hemorragia.
Dalva Lina da Silva foi processada pelo Ministério Público pelo crime previsto no artigo 32, parágrafo 2º, da Lei Federal de Crimes Ambientais por maus-tratos seguido de morte dos animais. Além disso, acrescentou-se mais uma acusação, a de uso de substância proibida.
“Essa condenação é exemplar e esperamos que, dessa forma, nós consigamos realmente proteger os animais do nosso país de situações de maus-tratos”, afirma a presidente da Comissão de Ética, Bioética e Bem-estar Animal do CFMV, Carla Molento.
Uma das prioridades da Comissão de Ética, Bioética e Bem-estar Animal (CEBEA) do CFMV é trabalhar com os profissionais de Medicina Veterinária e Zootecnia e com a sociedade, questões relacionadas aos maus-tratos, abuso e crueldade com animais.

Fonte:
Assessoria de Comunicação do CFMV


Nota:
Saibam mais sobre a atuação do médico veterinário na perícia criminal.
http://goo.gl/b9DH9w 












sexta-feira, 19 de junho de 2015

Caso Dalva – Da investigação a condenação. A história completa com fotos e fatos inéditos.


Dalva com uma provável futura vitima que lhe entregaram
Estamos comemorando hoje uma das mais importantes conquistas na causa de defesa animal do Brasil. Um grupo de protetores e ativistas conseguiu levar a condenação uma criminosa que se passava por protetora que maltratou e matou milhares de animais durante anos e anos na cidade de São Paulo.
Abrindo um importante precedente para que outros casos onde venham ocorrer a morte ou maus tratos de animais no Brasil, finalmente o monstro da Aclimação como é chamada a serial killer de animais, Dalva Lina da Silva, foi condenada a 12 anos de prisão pela morte de 37 animais encontrados no lixo por um detetive particular em 2012.

Também estamos muito orgulhosos de saber que  parte da ação que levou a justiça paulista a condenar essa criminosa sádica partiu de um grupo de protetores independentes. Estamos igualmente felizes por saber que existem juízes sensíveis aos crimes cometidos contra os animais neste país. A pena inédita e exemplar foi determinada pela juíza Patrícia Álvares Cruz a nova vara criminal do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.


Mas vamos contar um pouco de como tudo começou e porque o grupo que se uniu para levantar o dinheiro para pagar o detetive preferiu ser discreto e deixar apenas a Ong Adote um Gatinho a frente da ação.

A história da Dalva já vinha se arrastando por anos sem que ninguém da proteção se interessasse em desvendar o mistério que envolvia aquela casa. Muito pelo contrário, era muito comodo entregar centenas de gatos sem ter que se preocupar com o que seria feito deles essa é a triste verdade por trás de toda a crueldade praticada. 

Apesar de que há uns 3 anos antes do flagrante na casa da Dalva ser feito pelo detetive, a Ong Adote um Gatinho já haver divulgado em um e-mail que havia algo errado com a tal criatura, ninguém deu muita importância e continuou a entregar animais para ela.
Ninguém conseguia acesso ao tal abrigo que ela dizia possuir, ninguém jamais procurava saber o que era feito das centenas de gatos que eram entregues a ela diariamente. Enfim vestígios que iam sendo observados e que levantavam várias questões não tinham resposta. 


Vista de parte do cenário da casa da Dalva
Apenas de uma colônia de gatos que havia na Santa Casa  foram entregues mais de 150,  de um bairro da zona norte chamado Cachoeirinha centenas e mais centenas, do Conjunto dos Bancários segundo consta cerca de 80.  Animais indefesos que devem ter tido o mesmo destino dos 37 encontrados no lixo e infelizmente um local onde se aceite essa quantidade de bichos já deveria levantar sérias suspeitas. Quem os “encaminhou” não era inexperiente e jamais deveria tê-los entregue para a criminosa. Até mesmo Ongs famosas indicavam a Dalva para encaminhamento de animais...um fato lamentável este!!!
Taxidogs também entregavam dezenas ou até mesmo centenas de gatos para essa mulher sem que nenhum protetor procurasse investigar o destino dos pobres indefesos.

E aí fica a pergunta: Que proteção animal é essa gente?

Uma das cenas mais chocantes do caso Dalva
E por tudo isso foi que o grupo de protetores e ativistas resolveu que era chegada a hora de fazer algo e assim formaram um grupo que bancaria o valor cobrado pelo detetive indicado por uma policial.
Porém os protetores envolvidos não conseguiriam bancar todo o valor e foi então que se decidiu entrar em contato com a Ong Adote um Gatinho, que se comprometeu a pagar a outra metade do valor estipulado pelo detetive.

Além do que, era importante que uma entidade constituída fizesse parte da ação. Em contato com o dr Rodrigo, advogado da Ong firmou se a posição sobre o anonimato.

Havia também outro problema que era o fato de que alguns protetores morarem muito próximo ao bairro da criminosa e temiam por sua segurança e por este motivo foi decidido que não seriam citados.

Durante algumas semanas o detetive fez campana em frente a casa da Dalva e investigou e quando encontrou os cadáveres dos 37 animais acionou a polícia.

Embora para nós ele tenha sido um pouco prematuro enfim o flagrante havia sido feito e o restante da história a mídia divulgou exaustivamente.

Mas como nada é perfeito no dia seguinte ao flagrante eis que os cadáveres continuavam na calçada e poderia se perder todas as provas porque a policia não tinha disponibilidade no momento de executar a perícia.

O grupo foi orientado a pedir ajuda ao deputado Ricardo Tripoli, que através de sua assessoria jurídica entrou em contato com o dr. Paulo Maiorka  perito e especialista em Patologia Animal da USP para receber os cadáveres dos animais.  Sem essa providencia as provas teriam se perdido e hoje não poderíamos estar comemorando essa condenação inédita aqui no Brasil.

Este caso tem servido inclusive de exemplo, sendo citado pela dra Fernanda Salvigni/USP em um seminário ocorrido no ano passado na própria instituição sobre a importância da pericia em casos de crimes contra animais.  
Por ter características muito próprias fica a  certeza de que agora com a conclusão poderá ser citado como um fator de sucesso nessa condenação. 
Temos que agradecer a todos os peritos envolvidos, incluindo a dra Heidi Ponge que orientou o grupo sobre como proceder após o flagrante quando procurada. 

Apesar de alguns protetores terem tentado corrigir o erro de ter  entregue animais para a Dalva e terem inclusive  se oferecido para depor nem todos foram ouvidos no inquérito infelizmente porque poderíamos ter mais provas contra a criminosa.

Nenhum dos protetores e ativistas que fez parte deste grupo participou do protesto que depredou a casa da Dalva após ela ser desmascarada.


No restante ainda ficaram alguns questionamentos que continuarão a nos incomodar tal como:
-De quem a Dalva comprava os produtos utilizados para matar os animais? E com que CRMV eles eram comprados se alguns que foram encontrados na casa no dia do flagrante são de uso estritamente profissional?
-Quem foi o veterinário que a ensinou a usar estes produtos? Ou que cedia seu registro para as compras serem feitas?
-Porque o conselho tutelar não tomou nenhuma atitude se havia uma criança naquela residencia onde se matava tantos animais?

Uma dona de casa quase perfeita
-Porque a filha mais velha não foi ouvida no inquérito se pelas fotos feitas e apresentadas pelo detetive ela participava ativamente das atividades da mãe? (vejam fotos muitos suspeitas dela colocando sacos de lixo no carro).

Para onde eram levados tantos sacos de lixo? e porque?
 -E porque apesar de todos estes crimes ainda foi permitido a Dalva continuar a ter animais em seu poder? Será que os protetores do Paraná estão acompanhando o que está sendo feito na cidade onde ela está morando?

Enfim hoje temos a certeza de que o caminho escolhido para desmascarar talvez uma das maiores psicopatas que já se teve conhecimento foi o correto, e que a forma como o grupo conduziu este caso foi extremamente importante e assertivo.

Para consulta:


Ré: DALVA LINA DA SILVA
Processo
nº: 0017247-24.2012.8.26.0050
C-1554/13
Assunto Ação Penal
Procedimento Ordinário
Crimes contra a Fauna

consulte o processo na íntegra em https://goo.gl/3mStRx

Nota:
Gostaríamos de lembrar aos que resgatam animais que existem outros lobos em pele de cordeiro na proteção animal, e que ao entregar um bicho para eles você estará colaborando com algo que pode representar sofrimento, dor, crueldade e mesmo a morte rápida ou lenta dependendo da forma doentia que estes criminosos escolhem para torturar e matar em nome do “amor” que sentem.
Não passa um mês sem que tenhamos notícias de algum colecionador ou mesmo estelionatário que é descoberto e desmascarado nestes últimos tempos. 

Obs:

Todas as fotos desta postagem foram feitas pelo detetive Edson Criado.