quarta-feira, 5 de setembro de 2012

RODEIO - Não é tradição, cultura ou esporte. É crueldade e maus tratos.


Para os que estão chegando agora na proteção animal, um pouco de história é sempre bom. Para podermos argumentar embasados em fatos e ações que realmente contribuiram para podermos chegar ao estágio em que nos encontramos no momento, é importante que conheçamos quem deu os primeiros passos na defesa dos animais no nosso país.
O texto abaixo é apenas uma pequena parte desta luta que ainda está longe de terminar, mas da qual nenhum ativista que defende os animais pode fugir. Com o advento das grandes festas promovidas pelos promotores destes eventos, que contam com o patrocínio antiético de empresas que não se preocupam em associar suas marcas à este espetáculo de crueldade e sofrimento, está cada vez mais dificil esta batalha. Mas desistir é para os fracos e se tem algo que não está no  nosso dicionário é esta palavra. Abaixo o texto sobre o momento histórico em que a UIPA, através de sua presidente a advogada dra Vanice Orlandi se posicionou contra essa prática cruel e primitiva, chamada RODEIO.


Prezados Associados e Colaboradores da centenária UIPA, UNIÃO INTERNACIONAL PROTETORA DOS ANIMAIS,
   
Deve-se à UIPA a farta documentação  de que hoje dispõe o Movimento de Proteção Animal como munição contra os rodeios.
Em meados dos anos 90,  representava um grande desafio insurgir-se contra uma prática tida por legítima, que vivia seu apogeu, sem que houvesse um só  laudo, veterinário ou pericial, que se prestasse a comprovar  a imputação de maus-tratos.
Também inexistia um  estudo, ou arrazoado, que versasse sobre o tema.
Após elaboração de um parecer que esgotava a matéria, com descrição das  provas de rodeio  (montaria, laço e  derrubadas),  e a exposição de todos os possíveis  argumentos  contra a prática, a UIPA  passou a enviar representações, em grande número, ao Ministério Público,  o que  resultou no ajuizamento de cerca de 50 (cinquenta) ações  propostas  pela Promotorias contra os rodeios, acompanhadas pela UIPA.
A cada vez que uma perícia era solicitada  pelo Judiciário, a UIPA cuidava de fazer chegar às mãos do perito todas as informações de que dispunha, muitas vezes constituindo assistente técnico, arcando com os custos, propiciando o surgimento e a consolidação dos primeiros laudos periciais e veterinários contra os rodeios.
Pareceres jurídicos, fotos, artigos, vídeos e matérias jornalísticas, dentre  outros documentos que surgiam graças ao trabalho da UIPA eram, um a um, enviados aos promotores de justiça, que também recebiam o material pelo Centro de Apoio Operacional das Promotorias, para onde a UIPA encaminhava as principais peças.
Nasceram, assim,  as primeiras decisões judiciais contrárias à utilização de sedém e esporas e à realização de provas de laço e de derrubadas, sempre fundamentadas nos argumentos expostos nas dezenas de laudos periciais que surgiram a partir do   trabalho da UIPA  e do  parecer elaborado, em 1998, por Vanice Orlandi, denominado “ Cruéis Rodeios - A exploração econômica da Dor ” que, até os dias de hoje, serve de base para decisões judiciais, como demonstra  recente acórdão  (apelação cível n° 0013772-21.2007.8.26.0152), cuja  ementa descreve a prática de rodeio  como “verdadeira   exploração econômica da dor”.   
Deixamos aqui nossos agradecimentos aos promotores de justiça que,  em suas peças jurídicas e palestras, sempre fazem menção ao nome da UIPA, de quem receberam toda a assessoria e documentação necessárias ao ajuizamento de  ação civil pública contra os rodeios.
E também firmamos nossos cumprimentos a Dra.  Renata Martins, brilhante advogada que atua na área.
Vanice T. Orlandi
Presidente 

Neste link pode ser encontrado o parecer denominado Cruéis Rodeios - A exploração economica da Dor que pode servir de base para decisões judiciais contrárias a estes eventos. 
           
 http://pt.calameo.com/read/0019131718a820ca232ff   
                        

                        Rodeio Cannes 2006 - UIPA

                                           

Principais instrumentos de tortura utilizados nos rodeios:
 - Sedém:  Cinta elaborada com  crina e pêlo, que se amarra na virilha do animal e que faz com que ele pule. Já que naturalmente ninguém vê os animais por aí pelos pastos pulando, ou seja, não existe este comportamento natural por parte dos equinos, bovinos ou caprinos. Um pouco antes do brete ser aberto para que o animal entre na arena, o sedém é puxado com força, comprimindo ainda mais a região dos vazios dos animais, provocando muita dor, já que nessa região existem órgãos, como parte dos intestinos, bem como a região do prepúcio, onde se aloja o pênis.
 - Esporas: esporas_odeio_rodeio objetos pontiagudos ou não, acoplados às botas dos peões, servindo para golpear o animal (na cabeça,pescoço e baixo-ventre), fazendo, em conjunto com o sedém e outros instrumentos, com que o animal corcoveie de forma intensa. Últimamente dizem que não estão sendo utilizadas visando o bem estar dos animais. 
- Peiteira:  essa corda ou faixa de couro é amarrada e puxada fortemente ao redor do corpo do animal, logo atrás da axila. A forte pressão que este instrumento exerce no animal acaba causando-lhe ferimentos e muita dor também aumentando dessa forma seu stress e sofrimento. 

- Polaco (sinos): produzem um barulho altamente irritante ao animal, o qual fica ainda mais intenso a cada pulo seu.

Outros acessórios que são utilizados nos Rodeios:

- objetos pontiagudos: pregos, pedras, alfinetes e arames em forma de anzol são colocados nos sedenhos ou sob a sela do animal;

- choque elétricos e mecânicos: aplicados nas partes sensíveis do animal antes da entrada à arena

- terebintina, pimenta e outras substâncias abrasivas: são introduzidas no corpo do animal antes que sejam colocados na arena, para que fiquem enfurecidos e saltem.
 
- golpes e marretadas: na cabeça do animal, seguido de choque elétrico, costumam produzir convulsões no animal e são os métodos mais usados quando o animal já está velho ou cansado, com a finalidade de provocar sua morte.

- descorna: o chifre dos bovídeos, para a realização de determinadas provas, é “aparado” com a utilização de um serrote,sem anestésico, e causando sangramentos e dor aos animais

- transporte dos animais: os animais são transportados em minúsculos espaços, e para que embarquem ou desembarquem dos caminhões, são obrigados a passarem por rampas, sendo que muitas vezes os animais escorregam e se fraturam neste ato

- brete: é o local onde ficam confinados os animais antes da prova e onde são preparados para montaria.

- alimentação:  os animas em geral são muito bem alimentados, pois de sua boa saúde dependerá seu desempenho, e vamos e venhamos, se um animal estiver fraco não renderá o espetáculo que desejam os promotores deste evento primitivo e hediondo. 

Outro agravante provocador de stress e angústia para estes animais vitímas dessa prática é o som alto e as luzes que são utilizados nos shows e que evidentemente fazem parte do arsenal de tortura que compõem este espetáculo de horror e de dor. 









                                                                           

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