sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Cães e o vírus Ebola - Informações sobre o contágio ainda são desconhecidas.



O mundo inteiro está assustado e agora já se tem notícias de vários casos de pacientes contaminados em países que não necessariamente o de origem do vírus Ebola.
E infelizmente a hora de se falar sobre as possibilidades do contágio da doença em nossos animais domésticos chegou.
A imagem abaixo é uma das muitas que explicam as formas de contágio, porém relacionadas aos animais selvagens, porque as aldeias onde a doença começou em geral estão em áreas próximas a florestas.  


O que deu o alerta ao mundo na última quarta feira, 08/10/2014, foi o caso do cachorro Excalibur que pertencia a enfermeira Teresa Romero, 44 anos, infectada com o vírus Ebola após ter estado em contato direto com dois missionários repatriados da África, que vieram a falecer.
O cão pertencente a ela foi eutanasiado, apesar de todas as manifestações organizadas por ativistas espanhóis para tentar salvar sua vida.
Embora os ativistas tenham criado uma petição pedindo pela vida do cachorro de 12 anos que atingiu a marca de cerca de 380 mil assinaturas e tenham conseguido colocar  a hashtag ##SalvemosaExcalibur nos “trending topic” do twitter, mesmo assim o governo regional de Madrid, se negou a colocá-lo em quarentena, alegando que não poderiam correr o risco de contágio já que ele poderia ser um transmissor do vírus.

Ativistas espanhóis pedem pela vida de Excalibur
Fomos então pesquisar se já existe algum estudo ou mesmo protocolos determinando como devem ser conduzidas as ações de um provável contato de um ser humano contaminado, com seus animais de estimação, e quais as melhores formas de conduta caso isso venha a ocorrer.

Segundo o especialista Eric Leroy, diretor-geral do Centro Internacional de Pesquisa Médica, em Franceville, Gabão, e por enquanto o único cientista que conduziu um estudo sobre o papel dos cães em surtos de Ebola,  tanto os ativistas quanto o marido de Teresa que pediu ajuda para salvar Excalibur estavam certos. Foi um erro sacrificar Excalibur. 

Eric Leroy pesquisando reservatórios de Ebola em animais / CIRMF / Norbert Mouyabi
Em entrevista ao jornal El País o infectologista declarou:
"O cão deve ser isolado em  Madrid, ser monitorado, para podermos estudar os parâmetros biológicos, observar se ele está infectado e descobrir se eliminará o vírus. Isso será  muito interessante do ponto de vista científico, e é inútil matá-lo ", diz Leroy.

Eric Leroy  participou de um estudo no Gabão em 2002, aliás até o momento segundo consta o único, após um surto de Ebola que havia ocorrido no ano anterior com um grupo de cães ferais, que se alimentaram de animais selvagens como macacos e morcegos frugívoros infectados, e concluiu que 32% destes animais tinham  anticorpos específicos contra o vírus.
"Esses animais podem ser infectados e, assim, espalhar o vírus por um determinado período, tornando-se uma fonte potencial de infecção para os seres humanos", explicou em uma entrevista em 2005 no Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento, em Paris. 
"Parece agora necessário avaliar o papel dos cães em surtos de Ebola e considerar as medidas de risco no controle da epidemia". 
Animais de estimação podem se infectar e espalhar o vírus durante um determinado período, tornando-se uma fonte potencial de infecção para os seres humanos.

No entanto, salienta Leroy, "Foi um estudo a posteriori. Em Madrid, temos um caso real,  de possível contágio, com o qual podemos aprender muitas coisas. Como por exemplo: se os cães realmente representam uma fonte de infecção em surtos de Ebola." 

Compreender o papel dos cães em epidemias de Ebola é fundamental, porque aldeias africanas estão cheias de cães infectados, acrescenta o especialista em doenças emergentes.  
Segundo Leroy, se fosse verificado que Excalibur não estava infectado, bastaria devolve-lo aos seus tutores. E se ele estivesse infectado pelo Ebola, "poderia se recuperar e quando curado já não mais eliminaria o vírus."
Nem o Ministério da Saúde espanhol,  ou mesmo a comunidade de Madri consultou este especialista antes de decidir sobre o sacrifício do cão. "Eu não recebi nenhuma chamada", confirma Leroy.
 



Aqui a matéria de onde foi retirado este trecho: http://goo.gl/iMT8FT 

O estudo publicado pela equipe do dr. Eric Leroy com o título de Ebola Virus Antibody Prevalence in Dogs and Human Risk  
http://goo.gl/gOUlRe

Obs: se algum infectologista tiver este material já traduzido para o português ou algum outro estudo por favor nos contate que publicaremos também. 

Nota:
Importante ressaltar que não existe ainda nenhum estudo que comprove que a contaminação de cães domésticos levará a uma possível disseminação da doença através do contato com eles. O que o caso da Espanha nos mostra, é que os infectologistas terão que se debruçar sobre o tema para poder avaliar como serão conduzidos os protocolos em relação a estes animais, já que hoje estão presentes na maioria dos lares pelo mundo. 



 

Um comentário:

  1. tomara que consigam conter o avanço indiscriminado desta doença contagiosa, temo também pelos animais domésticos ao redor do mundo que podem sofrer muito com o desespero do ser humano incauto!!!

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