segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Cerimônia do corte de chifres de veados no Parque Nara-Japão. Tradição ou crueldade?

Colagem feita a partir dos prints do vídeo publicado abaixo
Devido ao nosso ativismo contra a captura e matança dos golfinhos de Taiji acabamos conhecendo e nos tornando amigos de ativistas brasileiros que moram no Japão e que assim como nós, muitas vezes não conseguem se conformar com certas "tradições" existentes no país onde estão vivendo.
O mundo inteiro hoje se mobiliza na defesa do que até alguns anos atrás poderia ser considerado uma utopia, e exemplo após exemplo de que os animais são seres sencientes, e que é necessário se rever determinadas tradições e mesmo extingui-las, chegam ao nosso conhecimento de tempos em tempos.
Enfim, quando se toma conhecimento de algo que nos incomoda em relação a forma como os animais são tratados o melhor a ser feito é fazer com que as informações cheguem até o máximo de pessoas possíveis.
EsquadrãoPet

Parque de Nara  
Constando como um  dos pontos turísticos mais visitados no Japão, o famoso Parque de Nara é realmente um lugar incrível, e tido como o berço da cultura, da arte, da literatura escrita e do budismo http://goo.gl/nFoosn
E é neste parque que acontece um festival para o corte dos chifres dos veados machos que habitam livremente praticamente toda a área que pode ser visitada pelos turistas. Turistas estes que provavelmente desconheçam o que existe por trás de tanta beleza e que só será modificado se houver pressão para que isso ocorra.

Veado com o chifre cortado - foto internet
Então após assistir ao vídeo que nos deixou com uma sensação de estômago embrulhado e meio atordoados porque a platéia reage com muita alegria ao que assisti, resolvemos pesquisar e pedir ajuda aos que conhecem a tradição do evento.
Uma das poucas referencias sobre o festival é encontrado no próprio site da prefeitura de Nara:
 #Shika-no-Tsunokiri (Cerimônia do Corte do Cifre dos Veados) no Parque da Cidade de Nara.
Domingos e Feriados do mês de Outubro (5 dias) das 10:00 às 16:00.

0s animais são presos por funcionários que cortam os chifres dos machos. 

O que nos foi passado de informação sobre o evento: 
Essa cerimônia acontece desde 1671 por iniciativa dos templos xintoístas de Nara. 
O parque de Nara começou a se formar no tempo dos samurais quando eles se refugiavam nas florestas em busca de um refúgio para seu treinamento e meditação. 
Os veados já viviam na região em grande número e se alimentavam das árvores, dos seus frutos, sementes e galhos.  

Alimento dos veados - Gohan de Shika 
 
Nome popular     Nome Cientifíco
__________________________________  
SHIBA               Zoysia japonica
SASA               Sasa japonica(Familia Poaceae)
KUROGANEMOCHI    llex rotunda
SHIKARASHI      Quercus myrsinaefolia
KUNUGI             Quercus acutissima
UMEBAKASHI    Quercus phillyraeoides
MATEBASHII      Pasania edulis Makino
SUDAJII         Castanopsis sieboldii

Hoje vivem no parque de Nara cerca de 1200 animais e os turistas só podem alimentá-los com uns biscoitos (senbei) feitos especialmente para eles.  
Os veados são considerados seres sagrados, além de serem os mensageiros dos deuses xintoistas, eles receberam o título de Tesouro Nacional Natural, desde 1957, e  são relacionados ao santuário Kasuga-Taisha
Existe uma lenda local de que um deus mitológico teria vindo visitar Nara montado em um veado branco. Antigamente era punido com pena de morte quem matasse um destes animais.


O motivo para o corte dos chifres é evitar que os machos firam os visitantes, pois quando as fêmeas estão no cio eles ficam mais agressivos pelo instinto de procriação e disputa de território. 
As fêmeas prenhas e paridas são isoladas em uma área até que seus filhotes tenham condições de ser colocados junto ao público. Cerca de 200 fêmeas emprenham todo ano.
Segundo consta existe uma Ong de Proteção Animal específica para monitorar os animais do parque. Assim como existem também associações de turismo e de segurança veterinária fiscalizando o local e os animais.
Após o corte, os chifres são colocados em um altar em um cerimonial xintoista que exorta a paz, o amor, a natureza e a pureza do planeta.
Assistam ao vídeo e nos enviem seus comentários sobre ele:


Nota:
Sendo o chifre uma formação de queratina, não existe inervação, seria como o corte de nossas unhas e cabelos, apenas células mortas, porém fica evidente nas imagens que durante a cerimônia ocorre um grande stress desde o momento que se tenta laçar o animal pelos chifres, até quando ocorre o corte propriamente dito, após eles terem sido encurralados e subjugados por 6 ou 7 homens. 
Notem o olhar de pavor e a respiração ofegante do animal no vídeo. Nenhum animal se oferece  espontaneamente para algo que vai contra sua natureza e isso fica claro na forma como o animal luta para não se submeter a este ritual específico.

PS:Agradecimento especial a ativista Marta Giraldes que nos ajudou com a pesquisa para a matéria e ao Heber Sea Diver que nos enviou o vídeo.


4 comentários:

  1. Morrerei sem entender o motivo de alguns países desejarem ser abençoados por antepassados e deuses, mas causando desconforto, sofrimento, tortura e morte aos seres mais fracos da criação, sob o pretexto de cultuar tradições milenares que já passaram do tempo de acabar e já acabam tarde porque nenhuma venerável tradição vale a vida de um animal sequer, tão sagrado quanto. Sangue ou medo derramado sobre o altar não é um presente nem traz felicidade, racionais sabem disso.

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  2. Sem duvida pratica sem sentido nos dias atuais acaba sendo praticado pelo hábito e não pela religião, em época remota no início desta pratica deveria fazer sentido, hoje não é não vale o sacrifício de nenhum ser pelo bem de outros, ao contrário uma pratica religiosa deveria evoluir com o homem

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  3. Deveria evoluir com a sabedoria humana as práticas do passado e não perpétuar aonde já não se vê como ato de desejar paz, amor ou mesmo interação com a natureza

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  4. Acho que não é um ato de crueldade uma vez q tal procedimento é indolor. Gera um certo estresse, porém evita acidentes com os frequentadores do parque e com os animais que ali convivem. Estive neste parque em fevereiro deste ano. Vale a visita.

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