quinta-feira, 22 de março de 2018

Denúncia. CBEA de Ribeirão Preto pratica eutanásia em animais apreendidos logo no primeiro dia!!!

(foto: Weber Sian / A Cidade)

Nota:
Em novembro de 2017 divulgamos uma matéria aqui no blog sobre atos revoltantes que a diretora do CBEA - Centro de Bem Estar Animal de Ribeirão Preto estava cometendo e que vinham sendo denunciados por protetores e ativistas daquela cidade. 
E eis que agora após alguns meses a confirmação de que há algo muito errado com a gestão daquele órgão se confirma. 
Escandaloso e criminoso que as prefeituras acreditem que o controle populacional de cães e gatos devam ter como base a eutanásia seja ela da forma que for. Há muito tempo sabe-se que essa prática além de condenável não resolve a questão do abandono e da procriação descontrolada. 
Que a apuração destes crimes seja feita e os responsáveis punidos pela letra da lei. Já passou da hora disso acontecer para que sirva de exemplo e desestimule os gestores a tomarem esse tipo de atitude. 
O título da matéria do jornal A Cidade On é cruel e revoltante demais!!!


90% dos animais sacrificados foram mortos no primeiro dia 

Presidente de comissão de estudos da Câmara de Ribeirão Preto, Marcos Papa, diz que prática não é eutanásia, mas assassinato 

 22/3/2018 08:25
ACidadeON/Ribeirao Cristiano Pavini 

Nove em cada dez animais sacrificados pela Prefeitura de Ribeirão Preto no ano passado foram submetidos a eutanásia no mesmo dia em que deram entrada na CBEA (Coordenadoria do Bem-Estar Animal).

O levantamento foi feito pelo A Cidade com base em laudos veterinários obtidos pelo vereador Marcos Papa (Rede), presidente da CEE (Comissão Especial de Estudos) que trata do tema na Câmara. Ele requereu, à prefeitura, todos os relatórios de eutanásias praticadas em 2017.

 A reportagem analisou os 124 laudos veterinários enviados pela CBEA ao Legislativo e verificou que, em 112, a data de entrada do animal na CBEA é a mesma da sua eutanásia.

O montante, porém, pode estar subnotificado, já que a prefeitura afirmou ao A Cidade ter realizado 187 eutanásias em 2017 - 63 a mais do que os relatórios enviados ao vereador -, ou seja: uma a cada dois dias.

No ano passado, ao menos 22 animais foram eutanasiados porque, no diagnóstico, sofreram fraturas, traumas ou múltiplas lesões, principalmente na coluna. Destes, apenas dois não foram sacrificados no mesmo dia de entrada na CBEA.

A CBEA não possui equipamento de raio-X. Até outubro de 2017, o órgão tinha contrato com uma empresa para a realização de diagnóstico por imagem, segundo a prefeitura. Porém, cinco meses após o fim do contrato, a CBEA ainda não contratou nova empresa. Com isso, a constatação de fraturas acaba sendo apenas pela avaliação clínica do veterinário.

Após o fim do contrato do raio-X, sete animais foram eutanasiados em 2017- todos no mesmo dia em que entraram na CBEA.

Críticas

Em dezembro do ano passado, a coordenadora de Bem-Estar Animal da Prefeitura de Ribeirão Preto, Carol Vilela assumiu, ao ser convocada para falar na Câmara, que por falta de estrutura da CBEA um cachorro, que poderia ser tratado, foi eutanasiado.

O procedimento fere a legislação estadual (ver infográfico). A prefeitura não realiza cirurgias ortopédicas em animais feridos, mas ressalta que não há eutanásia "compulsória" devido a fraturas.

 "Como protetora, acho no mínimo estranho a sequência de eutanásias no mesmo dia de entrada", diz Maria Cristina Dias, presidente da ONG AVA (Associação Vida Animal).
 Ela ressalta que a eutanásia é um procedimento necessário para aliviar o sofrimento de um animal sem chances de recuperação. "O que assusta é a ausência de conduta transparente por parte da coordenadoria", diz.

 A prefeitura nega irregularidades e diz que o animal são eutanasiados apenas em casos sem chance de recuperação.

 O que diz a Lei Estadual nº 12.916, de 2008:

 Artigo 2º Fica vedada a eliminação da vida de cães e de gatos pelos órgãos de controle de zoonoses, canis públicos e estabelecimentos oficiais congêneres, exceção feita à eutanásia, permitida nos casos de males, doenças graves ou enfermidades infecto-contagiosas incuráveis que coloquem em risco a saúde de pessoas ou de outros animais.

§ 1º A eutanásia será justificada por laudo do responsável técnico pelos órgãos e estabelecimentos referidos no caput deste artigo, precedido, quando for o caso, de exame laboratorial, facultado o acesso aos documentos por entidades de proteção dos animais.

 § 2º Ressalvada a hipótese de doença infecto-contagiosa incurável, que ofereça risco à saúde pública, o animal que se encontre na situação prevista no "caput" poderá ser disponibilizado para resgate por entidade de proteção dos animais, mediante assinatura de termo de integral responsabilidade.

Fonte: prefeitura de Ribeirão Preto (Arte / A Cidade)

Outro lado Aliviar sofrimento

Em nota, a prefeitura informou que os animais são avaliados pelo veterinário e apenas submetidos à eutanásia quando estão sofrendo e sem chances de recuperação.

Segundo a Coordenadoria, a eutanásia é realizada em três etapas: "pré-anestesia, anestesia geral e droga bloqueadora neuromuscular", que segundo a prefeitura são utilizadas de acordo com as normas vigentes, como as produzidas à base de "xilazina, cetamina, barbitúricos, cloridrato de zalazepam e cloridrato de tilletamina".

Em depoimento à Câmara, em dezembro do ano passado, a coordenadora da CBEA, Carol Vilela, afirmou que "a burocracia da prefeitura é muito complicada" e que o poder público não possuía recursos financeiros para dar melhor condições aos animais.

Ela disse que usou recursos próprios para aplicar na coordenadoria, e que está realizando "trabalho de formiguinha". Disse que em 2016, a gestão Dárcy Vera interrompeu as castrações. No ano passado, diz, a prática foi retomada aos poucos, devido à falta de veterinários e medicamentos.
O castramóvel, segundo a prefeitura, está parado atualmente por falta de veterinário e de veículo.

Cinomose lidera

Dos 95 cães sacrificados no ano passado, conforme relatórios enviados à Câmara, 49 (pouco mais da metade) foram diagnosticados com cinomose sozinha ou associada a outras enfermidades.

Segundo Márcia Marinho, coordenadora do curso de Medicina Veterinária da Unesp Araçatuba, a doença altamente contagiosa - é grave e resultado de um vírus que atinge o sistema nervoso central. Em estágios avançados, diz, a eutanásia é recomendável para amenizar o sofrimento do animal.

 A cinomose poderia ser evitada pelas vacinações básicas, como V10 ou V8. "A incidência de muitos casos pode ser resultado de falta de informação da população sobre a doença, sendo necessário o poder público realizar campanhas educativas e de vacinação", diz.
Ela diz que não são raros os casos em que os donos abandonam o animal na rua devido à doença que provoca desde convulsões e paralisias até comportamento agressivo e, quando são recolhidos pelo Centro de Zoonoses, já estão em estágio avançado.

Estão assassinando animais

Presidente da CEE que apura as eutanásias de animais no município, Marcos Papa (Rede) afirmou que o número de procedimentos realizados no mesmo dia em que os cães e gatos deram entrada na CBEA "assustam".

"Isso vem comprovar aquilo que os ativistas e protetores denunciam, de que a coordenadoria não está eutanasiando, e sim assassinando animais", criticou o vereador. 
"Eu não imaginava que a selvageria praticada fosse desse tamanho". Ele diz que a coordenadora Carol Vilela será ouvida novamente, bem como o veterinário responsável. "É imprescindível a vinda do CRMV (Conselho Regional de Medicina Veterinária), pois esses números são assustadores".

Segundo o vereador, o CRMV precisa fiscalizar de perto o tema. "E a prefeitura deve agir imediatamente em duas frentes: intervir na coordenadoria e conseguir recursos para um amplo processo de castração dos animais de rua em Ribeirão Preto."

Análise 
Prática não pode virar controle populacional

 A eutanásia é um recurso utilizado quando o animal está sofrendo e não há mais possibilidade de reversão em seu quadro clínico. Nesses casos, sua prática é legítima. Em nenhuma hipótese, porém, deve ser utilizada para controle populacional.

É necessário que o poder público atue com políticas inteligentes, que pensem na saúde coletiva das pessoas e animais. A começar por campanhas eficazes de castrações, que poderiam refletir diretamente no número de eutanásias. Quanto maior o número de cães nas ruas, por exemplo, maior será a chance de atropelamentos que podem resultar em lesões irreversíveis. (Márcia Marinho Coordenadora do curso de Medicina Veterinária da Unesp Araçatuba)

Fonte:
ACidadeON

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