Foto O Globo - Cesar Loureiro |
Ontem dia 18/10/2016 a Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado (Secretaria de Apoio a Comissão de Educação, Cultura e Esporte) deveria ter votado o parecer sobre o PLC 24/16 de autoria do Deputado Capitão Augusto, que tem como proposta elevar Vaquejadas e Rodeio a condição de manifestação cultural nacional e de patrimônio cultural imaterial.
Graças a pressão exercida pelos protetores e ativistas da causa de defesa animal conseguiu se adiar a votação com um pedido de vistas feito pelos senadores Antonio Anastasia e Cristóvam Buarque.
Segundo informações foram recebidos pelos senadores cerca de 5 mil emails pedindo que votem contra a proposta.
Como representante da causa ontem no Senado Federal pudemos contar com a presença do ativista vegano George Guimarães - Veddas que fez uma peregrinação pelos gabinetes de diversos senadores expondo a gravidade desta proposta de lei para os animais, principalmente após o Supremo Tribunal Federal ter concedido a condição de inconstitucionalidade da lei 15299/13 que regulamentava a vaquejada no estado do Ceará.
Com o entendimento da Corte Máxima do país, a vaquejada passa a ser considerada uma prática ilegal, relacionada a maus-tratos a animais e, por portanto, proibida.
Ganhamos algum tempo para poder agir contra o PLC 24/16 porém longe de podermos contar vitória.
Vamos continuar a exercer pressão sobre os senadores e sobretudo no Senador Romário, presidente desta comissão.
Pedimos a todos os ativistas e protetores que enviem emails de forma ponderada e contundente ao mesmo tempo. Vamos evitar ataques porque temos que trazer os senadores para nosso lado.
Enviem um e-mail para os senadores da Comissão:
romario@senador.leg.br; fatima.bezerra@senadora.leg.br;
angela.portela@senadora.leg.br; cristovam.buarque@senador.leg.br;
lasier.martins@senador.leg.br; paulopaim@senador.leg.br;
wilder.morais@senador.leg.br; gladson.cameli@senador.leg.br;
simone.tebet@senadora.leg.br; joao.alberto.souza@senador.leg.br;
rose.freitas@senadora.leg.br; dario.berger@senador.leg.br;
jader.barbalho@senador.leg.br; jose.agripino@senador.leg.br;
alvarodias@senador.leg.br;antonio.anastasia@senador.leg.br;
dalirio.beber@senador.leg.br; lidice.mata@senadora.leg.br;
robertorocha@senador.leg.br; cidinho.santos@senador.leg.br;
eduardo.amorim@senador.leg.br; pedrochaves@senador.leg.br
https://goo.gl/oW0tck
EsquadrãoPet
Gostaríamos de dividir com nossos leitores uma carta muito apropriada enviada para o Senador Romário. Leiam e inspirem-se.
Prezado Senador Romário,
Ser um bom congressista é um imenso desafio.
Afinal, o “povo”, a quem o senhor representa, é um conjunto heterogêneo de indivíduos com múltiplas semelhanças, mas também, muitas diferenças. Impossível agradar a todos!
No entanto, coerência é tudo.
Seus mandatos têm primado pela coerência na defesa, por exemplo, das pessoas com deficiências e necessidades especiais. Um trabalho de indiscutível valor.
Mas há questões nas quais, compreensivelmente, não existe consenso. Uma dessas questões é a que envolve as leis de proteção aos animais. Neste âmbito, o senhor certamente recebe demandas as mais diversas – tanto daqueles que defendem o bem-estar dos animais, e o efetivo reconhecimento de seus direitos enquanto seres vivos e sencientes, quanto daqueles que alegam os mais diversos motivos para perpetuar as práticas que os exploram e expõem a crueldades.
A esse último grupo, pertencem os entusiastas da vaquejada. Tradição cultural, esporte, “patrimônio do Nordeste” – é possível atribuir qualquer nome a um ato que, em essência, não passa de... crueldade!
Por favor, não pare de ler, Senador. É sério!
O senhor sabe que, em muitos países, apedreja-se a mulher que trai o marido, certo? É tradição. Mas é inaceitável. Há países nos quais o ladrão tem a mão decepada. É aceitável? Não.
Faz parte da cultura dos povos que seguem o Código de Hamurabi, mas é intolerável, pois degrada a pessoa. Mais que isso, rebaixa a humanidade. É cruel. O mesmo se aplica à vaquejada e a tantas outras práticas que utilizam animais como se fossem coisas.
Senador, eu lhe pergunto: em que medida o costume de derrubar um quadrúpede de meia tonelada no chão pode ser razoável? Como isso pode ser “divertido” e “cultural”?
Eu sei que o senhor e seus pares são assediados por gente que alega “importância econômica”, “tradição”, “regulamentação que evite maus-tratos”.
Porém, sejamos francos: tudo isso é hipocrisia.
A verdade é que existem meia dúzia de pecuaristas que lucram muito com esses espetáculos de horror, pois estes são eficientes “vitrines” para seus “produtos”. Nada contra o lucro, mas imagine, Senador Romário, se esta lógica tivesse impedido a luta dos abolicionistas que tanto fizeram para acabar com uma das mais antigas e lucrativas tradições do mundo – a escravidão?
A violência contra o animal é indefensável porque ela é imposta de maneira arbitrária a um ser que não pode falar por si mesmo; ela dessensibiliza os humanos envolvidos; ela legitima a dor e a humilhação como coisas “engraçadas”, que podem ser impostas pelo detentor do poder aos seus subjugados.
Como ensinar à criança que é errado ela praticar bullying, envolver-se em brigas corporais e impor-se aos colegas, se ela vê os adultos fazerem exatamente isso contra animais que não escolheram “entrar no ringue”?
Para efeito de comparação: será que o uso de capacetes e joelheiras pelos fraquinhos da escola tornaria aceitável que eles fossem surrados pelos “valentões”?
É isso que se pretende quando se fala em “regulamentar” vaquejadas e rodeios...
Pode realmente um congressista, que deveria dar o exemplo e legislar para todos, reconhecer como “patrimônio cultural” um embate de pseudo valentões contra seres que não têm voz para se defender? Senador, pergunte-se: o senhor acha mesmo que vaquejada é esporte?
Sua carreira foi no futebol, um desporto baseado na disputa igualitária – 11 pessoas de cada lado, em condições semelhantes, vencendo graças ao talento e ao esforço.
Como chamar vaquejada de “esporte”?
Cada um deve votar conforme a própria consciência. E, embora entre o preto e o branco existam muitas tonalidades de cinza, há questões nas quais a diferença entre o certo e o errado é tão patente, é tão óbvia, que não resta espaço para dúvidas. O PLC 24/2016 é o oposto a tudo o que é bom, compassivo, certo, justo.
Seu lugar deve ser na lata de lixo da História.
Atenciosamente, Silvia Luiza Lakatos Varuzza
Jornalista e historiadora
RG 19.607.530-0
O Romário nem parecia ser imbecil...
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