Ilustração/NDonline |
E lá se vão 20 anos desde que uma decisão do Supremo Tribunal Federal proibiu a famigerada Farra do Boi através do Recurso Extraordinário de número 153.531-8/SC; RT 753/101.
Isso ocorreu em 1997 e no ano seguinte com a aprovação da lei de crimes ambientais, a 9605 passaria a existir uma punição para os que praticam crueldades ou se omitem, no caso das autoridades, com os maus tratos aos animais.
Embora tenha havido uma diminuição na ocorrência das farras, ainda hoje após 20 anos não existem motivos para comemoração, já que ainda são registradas diversas farras apesar da proibição e da pressão exercida pela sociedade, Ongs e ativistas que dedicaram parte de suas vidas a esta luta.
Ativistas que começaram nessa luta ainda jovens envelheceram mas não se aquietaram, não se acomodaram, e como muitos de nós, ainda mantém a esperança de que verão o fim dessa prática cruel e criminosa.
Alguns ativistas realizam um trabalho sério com foco na área educacional durante o transcorrer do ano letivo e mesmo durante férias e feriados a mais de 15 anos, incentivando as crianças a enxergarem os animais com os olhos da compaixão, e aprendendo a respeitar outras formas de vida.
Na esperança de que as novas gerações sejam afastadas dessa pseudo cultura e que se possa enterrar na vala do esquecimento um evento que nada agrega ou acrescenta a vida de crianças e jovens de Santa Catarina.
Entre estes ativistas temos Halem Guerra Nery, presidente do Instituto Ambiental ECOSUL que inclusive tem nos municiado de informações preciosas que resolvemos publicar aqui no blog para que nossos leitores entendam com um pouco mais de profundidade quais os motivos dessa prática continuar a ocorrer apesar da proibição.
Existe uma resistência em se perpetuar as crueldades contra os animais, isso é fato. Um hábito arraigado que consiste no financiamento da farra por figuras que fazem questão de que essas cidades permaneçam na ignorância, porque para eles é importante que isso prossiga. Pão e circo sempre é mais barato do que educação, segurança, saúde, qualidade de vida ok?
Uma das informações que nos foi repassada e que pode parecer surpreendente para alguns é a de que as farras acontecem em várias comemorações e não apenas na quaresma. Então ativismo focado apenas nessa época do ano não passa de oba oba e busca de holofotes.
Há que se dar combate durante o ano inteiro e atuar de forma séria e pontual para que talvez daqui há alguns anos se venha colher resultados satisfatórios.
Informação importante para aqueles que estão chegando agora e também para os menos informados!!!
Vejam no vídeo abaixo a constatação disto:
As farras ocorrem o ano inteiro bastando ter bois que podem até mesmo ser fornecidos por empresários e políticos e segundo a polícia nos últimos anos o crime organizado também passou a "patrocinar" os farristas fazendo aumentar dessa forma o consumo de drogas, bebidas e brigas durante os tais eventos.
E a conotação religiosa que alguns insistem em utilizar para justificar as crueldades não se sustentam após alguma pesquisa um pouco mais aprofundada.
Para quem não sabe as atrocidades contra os bois começam bem antes da farra em si. Durante dias o boi é confinado sem condições de matar a sede e a fome, mesmo visualizando a água e o alimento que são mantidos longe de seu alcance. Após todo o sofrimento é solto, perseguido, estocado, espetado, espancado, e em alguns casos no desespero extremo chega ao mar onde se afoga.
Tudo isso na verdade nos lembra muito mais um ritual de torturas sádicas engendradas por um psicopata do que algo ligado a manifestação religiosa com certeza.
Existem farras para todos os gostos, nos dias dos pais, das mães, das crianças, aniversários, casamentos etc....
As medidas adotadas pela polícia nos últimos anos para evitar que os bois cheguem nestas comunidades, tais como a vigilância nas estradas e revista em caminhões não surtem resultado também já que os animais já vivem nestes locais pois se trata de área rural.
Este seria outro ponto para se reavaliar no que se refere ao combate da prática cruel.
Em um excelente texto intitulado Mangueírão Eleitoral e outras Farras - O retorno, Halem Guerra nos explica exatamente o que ocorre nas comunidades onde a farra insiste em não deixar de existir apesar de todo o esforço de ativistas e autoridades.
Cliquem no link para acessar o texto: https://goo.gl/XMe00F
Em Sul do Rio/SC em 2003 um vergonhoso flagrante de uma farra bancada por um vice prefeito.
E finalmente nesta Páscoa de 2017 algumas iniciativas isoladas de policiais militares que se declararam dispostos a acabar com a Farra do Boi, com direito a balas de borracha e até helicóptero surtiram efeito e fez com que algumas ações repercutissem na mídia.
Parabéns a este guerreiros que mesmo com um pequeno efetivo tentam acabar com este evento de dor e sofrimento.
Vejam abaixo na matéria do BiguaNews.
https://goo.gl/qrPH1f
Não se calem. Denunciem sempre. É no silêncio que o mal se perpetua.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário